Físico português que dirigia laboratório no MIT morto a tiro em Boston

O anúncio da morte do físico português foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros. Nuno Loureiro era diretor de um laboratório do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

RTP /
Scott Eisen - Getty Images via AFP

O ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou no Parlamento o assassinato de Nuno Loureiro, esta terça-feira nos Estados Unidos, durante a audição regimental na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.

Nuno Loureiro dirigia o Centro de Ciência do Plasma e Fusão do MIT desde maio de 2024. Antigo aluno do Instituto Superior Técnico (IST), a investigação de Nuno Loureiro focava-se em física teórica e nas suas aplicações na fusão.Nuno Loureiro, natural de Viseu, tinha 47 anos, era casado e pai de três filhas.

As autoridades estão a investigar o caso como um homicídio.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou já a morte do físico português, sublinhando a sua "dedicação incansável à ciência" e o legado que deixa.

"O professor universitário Nuno Loureiro distinguiu-se pelo seu rigor intelectual, pela dedicação incansável à ciência e pelo contributo relevante que deixou na área da física", pode ler-se, numa nota na página na Internet da Presidência.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que, "para além do mérito profissional, era reconhecido pelo seu espírito colaborativo, generosidade no partilhar de conhecimento e compromisso com o progresso científico".

"A sua morte prematura representa uma perda irreparável para a ciência e para todos os que com ele trabalharam, e conviveram. Neste momento de dor, o Presidente da República expressa sentidas condolências à família, amigos, colegas e a toda a comunidade científica", destacou chefe de Estado, manifestou "profundo pesar" pela morte de Nuno Loureiro.

De acordo com os media locais, Nuno Loureiro foi atingido na noite desta segunda-feira à porta de casa, em Brookline. Atingido por quatro balas, uma de raspão, o físico foi ainda levado para um hospital de Boston, o Centro Médico Beth Israel Deaconess, mas não resistiu aos ferimentos. O óbito foi declarado esta terça-feira de manhã."Colega brilhante"

Citado pelo jornal The New York Times, o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, John J. Arrigo, expressou as suas condolências à família de Nuno Loureiro, amigos e colegas: "Honramos a sua vida, a sua liderança na ciência e as suas contribuições duradouras".

Aos que privaram com Nuno Loureiro na academia, o MIT ofereceu ajuda e apoio psicológico.

"Os nossos mais profundos sentimentos estão com a família, os alunos, os colegas e todos aqueles que estão de luto", refere o MIT em comunicado, citado pelo The New York Times.

O IST, onde o físico se formou e fez investigação, lembrou o "colega brilhante com quem era um prazer científico e pessoal colaborar".
Físico premiado
Formado em 2000 em Engenharia Física Tecnológica pelo IST e doutorado em 2005 em Física pelo Imperial College London, no Reino Unido, Nuno Loureiro juntou-se em 2016 ao MIT, onde era também professor.

Desde maio de 2024 dirigia o Centro de Ciência do Plasma e Fusão do MIT, um dos maiores laboratórios do instituto, onde desenvolvia trabalho em física teórica e as suas aplicações em fusão nuclear.

No Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, unidade do Técnico onde se tornou investigador em 2009, liderou o grupo de Teoria e Modelização.

Citado em 2024 pelo IST, Nuno Loureiro defendia que "a energia de fusão irá mudar o curso da história da humanidade".

Nos Estados Unidos recebeu, em 2017, o Prémio Carreira da Fundação Nacional de Ciência e, mais recentemente, em 2025, o Prémio Presidencial de Início de Carreira para Cientistas e Engenheiros, concedido em janeiro pelo então presidente Joe Biden.

Segundo a página do MIT na internet, Nuno Loureiro tinha "um interesse ativo em vários aspetos fundamentais da dinâmica do plasma magnetizado, tais como reconexão magnética, geração e amplificação de campos magnéticos, confinamento e transporte em plasmas de fusão e turbulência em plasmas fortemente magnetizados e fracamente colisionais". 

c/ Lusa

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